Caveira + Hetta

S.M.U.P - Sociedade Musical União Paredense, Parede.

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ADMISSÃO GERAL €8.56 (€8.00)

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CAVEIRA

'Caveira. Dramaturgia ferruginosa em 1 acto irremediável. De um miúdo fugido de si ou de Setúbal. Será seu eixo do Bem a enfrentar a Grande Lisboa Prostituta. Serão anos de Reencontro. Exemplar.

Eixo, s.m.: linha recta que passa pelo centro dum corpo e em torno da qual esse corpo executa um movimento de rotação.

CAVEIRA é um eixo e uma pessoa. Não des-fazendo aos que foram caveiras e sobretudo aos actuais, que isto de ficar vivo, durante o mais furioso neo-liberalismo, custa. (Ficar vivo à rasca? sim sim, nunca jamais “à vontade”.)

Um eixo e uma pessoa o Gomes o estático derviche golpeador da Strato o pedro Caveira em interminável ardente relação com as esquinas frias do som e demais atritos inefáveis... Nada na guitarra do moço foi alguma vez por acaso: tudo – afinações, modos e maneiras, comportamento das electrici-dades – tudo burilado ao pormenor; e TUDO oferecido aos caveirinhas; incrível, de complexa e generosa a Partilha de Poderes; e o tanto que lhe dão em troca: o outro pedro outra pedra ou pássa-ro-jazz, do facetado canto saxofónico em qualquer floresta, mas sobretudo nas de Blake nas de Lam: as Encantadas; a guitarra baixo Verdadeira do jovem Mestre Abras, seu punk orquestrado de in-flexões e dinâmicas salutares: haverá o espaço siderante; e, parceiro já antigo da mais tensa imedi-atez, das ritmias transviadas mas do certo beat, Condutor, até quando não-tocado, o imprevisível co-piloto: são mil as cabeças do tambor de Gabriel. Ilustres caveirinhas: não nunca se auto-glorificam; limitam-se a tocar pra caralho.

Assumir a posição felina e proletária da con-tracultura, no seio de uma cultura pop há muito desviada por multinacionais, garante a sobrevivên-cia mui magra, sem direito a ilusões. Os Caveira, para além de sublimes, encarnam portanto o puro dom de si e por isso possuem a compleição sónica votada ao pulso da vida. Posto isto, a genealogia caveiresca aparenta e não engana: a do rock, essen-cialmente; e a música do rock não ostenta todas as batidas, dá-se a esse luxo, “a forma de”, essencial-mente binária. Divide e sub-divide por igual, a igualdade aqui significando um luxo – repito – vindo do Blues, e mais precisamente (estranho Caso Caveira) dos harmónicos do Blues, bem mais do que de uma métrica. Deve-se esta um pouco mágica in-versão, “na forma de”, sem dúvida ao conhecimento que o Sr Gomes tem e mantém de outras muitas músicas, porém denuncia o plano onde as coisas acontecem “à caveira”; arpeggiatura em estaleiro, El Riff, vamp-anti-vamp, claro, mas a binária felici-dade de um rock metafísico em directíssima metalinguagem. Vos dizia: um luxo.

Podemos agora interrogar-nos, indagar qual esta Caveira que determina uma vida de tremendos actos sonantes... anónima caveira? (a do soldado desconhecido?) Ou não-bem-messiânica mas a dos cristos verdadeiros? Morrem as cidades e os céus. Salvemo-nos um por um com a ajuda de todos. O Pedro chegou a dizer-mo. A Caveira induz o com-portamento sonhado.

Mas atalhemos. Para os Caveira o palco, neste caso o estúdio, é CAIXA DE LUZ. E arco. As densidades mesmo quando brutais permanecem transparentes, prenhes de todos os silêncios. E as energias não cessam, curvam, e não cessam, numa continuidade propriamente mística; nela cada músico-tocador abriga uma missão no íntimo do seu corpo. Uma – última – dica: da Caveira este é o Opus murmurado.'

Sei Miguel 


HETTA

'Oriundo do Montijo, este quarteto incendiário tem vindo a rodar incessantemente o país e a saltar para fora do mesmo a um ritmo pausado, amealhando uma série de seguidores a cada aparição de
uma forma pouco vista por estes lados. Formados por Alex Domingos na voz, João Pires na guitarra, Simão Simões no baixo e João Portalegre na bateria, os Hetta têm revitalizado as fundações do post-hardcore assentes em editoras como a Three One G ou a Sargeant House com toda uma astúcia e honestidade que não sucumbe à esterilidade técnica nem ao niilismo ruidoso. Por entre as dinâmicas do pára-arranca, momentos bem groovy para headbanging comunal e passagens furiosas, elevam-se canções bem memoráveis, coisa algo rara nestes círculos. Estrépito catchy e continuamente fascinante,
tanto no seu auto-editado EP de estreia, Headlights, como no split com Alas, Apostles of Eris e Letterbombs na Zegema Beach Records. Energia ainda a milhas de se esgotar.'

Bruno Silva

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